Sessão A – Cadê os Livros? A Publicação de Livros Mórmons e o Desenvolvimento da Cultura Mórmon fora dos EUA (Kent Larsen)
O crescimento e maturidade da igreja mórmon em comunidades com mais de um milhão de membros no Brasil e no México levanta a questão de como o desenvolvimento cultural entre seus membros nestes países se compara com aquele nos E.U.A. e com o crescimento nos programas da igreja. Especificamente, quais elementos culturais podem existir, já existem e devem existir nesses países, dado o número de membros, sua distribuição, a riqueza e a escolaridade dos membros e os fatores de atividade na Igreja e maturidade da igreja.
Com as crescentes demandas dos recursos financeiros e administrativos da igreja SUD em áreas onde os esforços missionários começaram recentemente, a própria igreja padronizou seu procedimento para cada língua, fornecendo apenas os materiais necessários para o funcionamento básico da igreja. Como resultado, os materiais que estavam eventualmente disponíveis no passado não são mais uma prioridade, e no que diz respeito à maioria dos materiais de natureza puramente cultural, membros locais são deixadas à sua própria sorte.
Sob a ótica da produção e distribuição de livros, esta apresentação analisa primeiro a história da publicação de livros de e para mórmons, com atenção específica à produção fora da Inglaterra e E.U.A. e, em seguida, examina o ambiente atual e as perspectivas para publicação futura. Através disto, esperamos explicar a relativa falta de publicações em espanhol e português, compará-los a outros idiomas e indicar caminhos possíveis para o desenvolvimento da publicação de livros SUD em outros idiomas que não inglês.
Sessão B – Diferença étnica e a sociologia do crescimento mórmon na Argentina no início do século XX (David Clark Knowlton)
O padrão de crescimento mórmon na América Latina mudou ao deixar o México e sudoeste dos EUA e entrar na América do Sul nos braços dos imigrantes alemães. O mormonismo chegou a uma Buenos Aires que era um dos grandes destinos da migração mundial, e então marcada por fortes divisões étnicas. Este estudo busca explorar o movimento do mormonismo pelo labirinto étnico daquela Buenos Aires, quando utilizou a etnia primeiramente como um meio de crescimento, rompendo depois com a exclusão étnica que poderia facilmente tê-lo engessado, como aconteceu com muitas denominações protestantes históricas na América Latina. O meio pelo qual o mormonismo se desvinculou da exclusividade e estratificação étnicas possivelmente lançou uma base para seu crescimento futuro. Este estudo parte de uma leitura sociológica de documentos de missão e diários missionários, dentro da perspectiva da produção acadêmica sobre a Buenos Aires da época.
Sessão C – Joseph diante de Adão: poder e ortodoxia na tradução de ensinamentos de Joseph Smith para o português (Antonio Trevisan Texeira)
A tradução tem sido historicamente um processo necessário de nossas civilizações, ao propiciar a difusão de narrativas, ideias e informações a públicos que não as receberiam de outra forma. A tradução de textos religiosos ocupa um lugar de particular importância na história da humanidade, ao auxiliar a expansão de crenças, práticas e instituições entre diferentes culturas que influenciam e são influenciadas por esses mesmos elementos, de forma análoga ao texto que influencia seu leitor e dele recebe novos significados. Nesse processo que vai muito além da correspondência entre dois sistemas linguísticos, o tradutor tem o papel de um leitor privilegiado, imbuído de mais poder do que o leitor da língua-alvo e igual ou maior poder do que o autor original, tornando-se assim um co-autor capaz de reescrever o texto e, dessa forma, intermediar a relação entre o autor e o leitor.
Para Joseph Smith, profeta fundador do mormonismo, o processo de tradução era tanto um dos meios pelo qual as antigas escrituras judaico-cristãs haviam sido corrompidas, quanto um dos meios divinos disponíveis para restaurá-las a seu sentido original, assim como para trazer à luz escrituras desconhecidas do cânone tradicional. Baseado em erros de tradução e em leituras distorcidas da Bíblia, o cristianismo tradicional não era passível de ser reformado, mas apenas meios divinos poderiam restabelecer o que fora ensinada por Jesus e os antigos profetas. A visão que Joseph Smith de si próprio como o “profeta, vidente e revelador” responsável por essa restauração era inseparável do papel que reivindicava como tradutor igualmente inspirado, para quem o princípio de fidelidade ao original era a essência da tradução.
O primitivismo mórmon não almejava apenas um retorno à pureza da igreja neo-testamentária, mas buscava também suas raízes no antigo passado israelita e nos patriarcas de tempos imemoriais, remontando mesmo a Adão. Identificado como o Arcanjo Miguel que liderara as hostes celestes contra o mal antes da criação, Adão viera à terra e conscientemente escolhera cair para tornar possível a existência do homem. Para Joseph Smith, a segunda vinda e o reinado milenar de Cristo seriam precedidos e organizados por uma segunda vinda do pai da raça humana, Adão. A posição única de Adão na teologia mórmon sofreu avanços e retrocessos com os sucessores de Smith, chegando ao ponto de seus ensinamentos a esse respeito serem adaptados.
O desenvolvimento posterior da igreja por ele fundada trouxe não só um imenso crescimento numérico, mas também uma forte burocratização e a constante transformação de práticas e doutrinas. Distante do caráter carismático e revolucionário da liderança de Joseph Smith, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acabou por estabelecer uma nova ortodoxia que se reflete também na edição e tradução de suas publicações. É nesse contexto que o tema da tradução se coloca sob um prisma totalmente novo para os sucessores de Smith que precisam de uma estrutura profissional para transpor a diversidade étnica, cultural e linguística entre os mórmons do século XXI. Diante de tal diversidade e das várias transformações doutrinárias ocorridas ao longo do tempo, traduzir o passado coloca ao tradutor um conflito entre o significado do texto e a necessidade de adaptá-lo à doutrina presente, entre seu papel como leitor privilegiado e as pressuposições que faz a respeito do autor original e do leitor final.
Este trabalho analisa trechos da publicação Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, em que os ensinamentos de Joseph Smith sobre Adão são adaptados para a língua portuguesa, com o objetivo de refletir a ortodoxia vigente e as crenças do tradutor acerca do leitor imaginado no Brasil e demais culturas do mundo lusófono.
Sessão D – Celebrando Casamento Plural nos Séculos 20 e 21 (Marianne Watson)
Meu avô, que desposou quatro mulheres, certa vez disse: “As mais belas histórias de amor estão no casamento plural – se apenas pudessem ser contadas.” Como historiadora, que nasceu e cresceu no casamento plural, vou tentar contar algumas dessas histórias. Usando uma apresentação em power-point, vou explorar razões pessoais e religiosas pelas quais centenas de mulheres adultas, fortes, resolutas e plenamente capazes optam por celebrar a vida em casamentos plurais como mórmons fundamentalistas – fora e aparte de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias -, mas definitivamente dentro da tradição restaurada pelo Profeta Joseph Smith. Também vou apresentar antecedentes relevantes sobre a comunidade mórmon fundamentalista em que fui criada, agora conhecida como Apostolic United Brethren (AUB), sobre sua linha de autoridade do sacerdócio, história e crenças – incluindo uma crença central em apoiar a igreja SUD em sua missão. Vou incluir a história da comunidade de língua espanhola da AUB em Ozumba, México, e minha experiência nela. Além disso, vou discutir brevemente a minha pesquisa nos Arquivos do Estado de Utah sobre a vigilância pela Igreja SUD de mórmons fundamentalistas na década de 1930 e as investigações posteriores pelo estado e dos processos contra polígamos e suas famílias nas décadas de 1940 e 1950. Por fim, mencionarei o objetivo e a missão da organização Principle Voices, da qual fui co-fundadora em 2003 com outras três mulheres fundamentalistas mórmons e o trabalho que tem sido realizado desde então.
Sessão E – A Influência Mórmon na Política Brasileira (Renato Damas)
Em 1913, chegavam os primeiros membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ao Brasil e em 1928 os primeiros missionários. Com um crescimento devagar no início, hoje a Igreja cresce a passos largos e já passa de mais de 1,1 milhão de membros.
O presente trabalho, a parte dos aspectos religiosos, pretende expor a influência e participação dos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na vida política do Brasil. Será exposto o atual panorama da atividade política e seus diferentes perfis de participação. Também pretende-se fazer um comparativo com outros países e culturas.
Sessão F – Como a invasão Moura na Ibéria resgatou Caim? (Marcello Jun de Oliveira)
Por décadas a tradição religiosa Mórmon excluiu Negros de participação plena nas praticas cúlticas sacerdotais e de posições de liderança espiritual baseando-se numa interpretacão da estoria bíblica acerca do assassino fratricida Caim.
Esta atitude sobreviveu décadas de ataques ideológicos de grupos civis que viam-na como resquício etno-cêntrico racista, especialmente durante o movimento para direitos-civis de Negros das décadas de 1950 e 1960.
A posição defensiva por parte da liderança da Igreja SUD súbita e unilateralmente alterou-se.
A formação da cultura do povo Português se deve basicamente a uma confluência de Paganismo Aborígene, Cristianismo Romano, e Islamismo decorrente das invasões Mouras. A decisão imperialista de colonizar o Brasil para agricultura de exportação exigiu contingente populacional excessivo para a pequena população Portuguesa, o que levou a escravização de Africanos e Índio-Americanos, alem da miscigenação com Portugueses Brancos através da poligamia de fato.
Essa mistura de racas, incomum nas antiga colonias inglesas devido ao puritanismo sexual Protestante, surpreendeu Mórmons ansiosos por expansão evangélica. O encurtamento das distancias no pós-guerra aproximou a América Latina dos EUA resultando numa invasão das denominações Protestantes em territórios fortemente Católicos.
Ansiosos por não perder o impeto evangélico nesse momento histórico, viram-se pressionados a avançar sua presença no Brasil. Planos para a construção de seu quarto templo fora dos EUA intensificaram tal ansiedade face ao fraco crescimento missionário, em grande parte devido a exclusão potencial da maioria da população brasileira.
Este trabalho argumenta que a pressão missionaria no Brasil exerceu impacto direto na alteração súbita de pratica segregacionista SUD.
Sessão G – Casamento plural no México após 1904; suas raízes e Desenolvimento (DeWayne Hafen)
A maioria dos trabalhos sobre casamento plural no México se concentram sobre o breve período de 1890 a 1904, durante o qual as colônias mórmons em Chihuahua e Sonora serviram de refúgio para os polígamos.
O foco deste trabalho será sobre os primórdios da atividade mórmon na região central do México e como a resposta da Igreja para as políticas anti-clericais do governo mexicano levou a uma cisão nos ramos naquele país e, por fim, à introdução da poligamia como praticada atualmente entre mexicanos nativos. Ele também irá brevemente revisar os diversos grupos polígamos e suas diferentes práticas hoje.
Sessão H – Como uma Bolota de Carvalho: Os primórdios da Igreja no Brasil (Ana Claudia)
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias atingiu em 2007 a marca de um milhão de membros no Brasil. E pensar que tudo começou com pequenas famílias de imigrantes alemãs. Como profetizou Elder Melvin Ballard, o crescimento no país seria tal como a de uma bolota de carvalho. Desde a chegada de Max Richard Zapf ao Brasil, batizado na Alemanha em 1908 e da família Lippelt, procedente do mesmo local e ali batizados em 1920, a religião mórmon, como é mais conhecida entre os brasileiros, vem crescendo em proporções extraordinárias. “Com mais de 220 estacas aprovadas, 53 distritos, 27 missões e aproximadamente 2.000 alas e ramos, nós somos agora a segunda nação da Igreja.”, relata E. Stanley G. Ellis, em site oficial da Igreja. Tudo isso em menos de um século. Em um país multicultural, é uma igreja onde raças e cores se misturam e se congregam. A minha apresentação terá seu enfoque mais voltado ao crescimento da Igreja no Centro-Sul do país, baseada em alguns artigos feitos por mim para o jornal da Igreja em Salt Lake, Church News, do qual sou colaboradora como jornalista desde 2004. Ela será constituída de história, estatísticas, relatos pessoais e espirituais e fatos pitorescos, assim como outras matérias jornalísticas publicadas na mídia local, tudo permeado de um belo acervo audiovisual.
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